A Casa Grande

Lisboa vivia um inesperado e terrível acontecimento que iria marcar a história do país, o rei D. Carlos e o seu filho mais velho, acabavam de ser vítimas de um atentado, no qual seriam violentamente assassinados a tiro.

Depois da ocorrência do regicídio, a monarquia viveria um período de cerca de dois anos de grande confusão e agitação, onde os governos se sucediam em ritmo acelerado, incapazes de encontrar soluções para os problemas da Nação.

Com a morte do príncipe D. Luís Filipe, subiria ao trono seu irmão, um jovem de 19 anos de idade, sem experiência nem dotes apropriados para o elevado cargo que iria desempenhar, num ambiente conflituoso, sujeito à influência e à intriga, no meio de uma luta feroz na defesa ou na procura de interesses vários, por parte dos seus seguidores e o confronto político com as forças de oposição à monarquia.

A incapacidade demonstrada pelo novo monarca, D. Manuel II, para dar continuidade ao regime, levaria ao afastamento e à descrença do povo, agora apoiado na força demonstrada pelo Partido Republicano, na defesa dos seus interesses e na esperança de uma vida melhor. Falava-se que estaria eminente uma revolução. De facto, após alguns dias de movimentações militares, às quais se haviam juntado grande número de populares, começavam a surgir escaramuças em vários pontos da capital onde terão ocorrido assaltos e ataques a algumas igrejas. A revolução estava em marcha e já se gritava por todo o lado Viva a República. Sem apoios e a falta de empenhamento daqueles que gravitavam à sua volta, a monarquia portuguesa, debilitada, sem ideias e sem um braço forte que a defendesse, viria a cair sem grande esforço dos insurgentes.

No dia 4 de Outubro de 1910, através de um comunicado divulgado pela Junta Revolucionária, dava-se a conhecer que o rei se havia refugiado na Legação de Inglaterra e renunciara ao trono.

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